terça-feira, 7 de abril de 2020

Cinema e filosofia

A filosofia é um vasto campo de estudo, também é uma área do conhecimento que possibilita o diálogo com as demais áreas do conhecimento, um diálogo possível é com as artes visuais, para ser mais específico, com o cinema.
Embora o cinema seja visto com maus olhos, isto é, uma produto da cultura de massa, consequentemente uma ferramenta para a alienação. Entretanto, as produções cinematográficas tem contribuído para reflexão, seja no espaço acadêmico ou não acadêmico. Filmes como Blade Runner, de Ridley Scott levantam questões existenciais como o que é ser humano? O que significa ser humano em um mundo onde androides (a cada geração fica mais difícil  distinguir um androide de um humano) convivem e interagem diariamente? O filme Planeta dos Macacos, de Franklin J. Schaffner também convida o espectador a refletir sobre os avanços da ciência, na qual pode causar a própria destruição da humanidade. A trilogia dos mortos-vivos de George Romero é uma crítica social, uma metáfora para trazer a tona problemas como a alienação/ausência do senso crítico nos personagens que de alguma forma representa o Estado (ou o que sobrou do Estado) e o consumismo. A aproximação do cinema com a filosofia também também serve como ferramenta didática em sala de aula, seja no ensino básico (fundamental e médio) ou superior.
Assim como a filosofia, as produções cinematográfica expressa/manifesta e problematiza os eventos de sua época, filmes como Uma noite de crime (2013), de James DeMonaco; Bacurau, de Kleber Mendonça Filho;  Joker (2019), de Todd Phillips e Parasita (2019), de Bong Joon-ho são pertinentes para pensar o cenário político contemporâneo. 
Embora os filmes mencionados pertençam a gêneros diferentes e o público-alvo seja diferente, os filmes possuem pontos em comum: a desigualdade social e lutas de classe. Todas as obras fazem questão em explicitar a desigualdade social, também é apresentado de que a partir de certos eventos (exceto os filmes Parasita e Uma noite de crime) uma revolução social violenta é inevitável. 
Deste modo, estas produções causam desconforto nos espectadores, Bacurau surge num período delicado do cenário político brasileiro, além do filme ser uma desconstrução do estereótipo da cidade remota e seus moradores serem ingênuos e pacíficos ou de que a cidade não possui uma identidade própria. O filme de Todd Phillips também flerta com a ideia de uma revolução social numa Gotham City decadente a partir das atitudes do Coringa, na qual, de modo superficial (errônea) uma revolução anarquista. Ou seja, muitas das produções cinematográficas de 2019, são enquadrado como uma crítica a violência desproporcional promovido pelo capitalismo, ou seja, são filmes que possuem um viés político. 
Mesmo possuindo um viés político e outras camadas subjetivas, o cinema proporciona a filosofia experiência positiva, isto é, o diálogo entre cinema e filosofia, contribui para o debate publico sobre diversos temas e diversas perspectivas.

Para assistir (filmes):

2001: Uma Odisseia no Espaço, 1968.
A Ilha, 2005.
A Noite dos Mortos-vivos,  1968.
Bacurau, 2019.
Blade Runner: O Caçador de Androides, 1982.
Despertar dos Mortos-vivos, 1978.
Ela, 2014.
Frankenstein, 1931.
Hamlet, 1948.
Joker, 2019.
Matrix, 1999.
O Homem Invisível, 1933.
O Mestre, 2013
O Poço, 2019.
O Sétimo Selo,  1957.
Parasita, 2019.
Planeta dos Macacos, 1968.
Tempos Modernos, 1936.
Você não conhece Jack, 2010.

Para assistir (youtube):

A estética do cinema por Walter Benjamin.
Bacurau é bom?
Bacurau: A verdadeira polarização. 
Cinema e filosofia.
Cinema e filosofia: Os filósofos de Rossellini.
Cinéphilosophie: Philosophy goes to the movies (inglês).
Coringa é bom?
Curso de filosofia contemporânea FBP: Deleuze e o cinema. 
Descobrindo a filosofia com Pondé: Filosofia no cinema.
Parasita é bom?
Parasite: Perfecting class critique (inglês)
Ser parasita (2019) é inevitável no capitalismo
Slavoj Zizek. O guia pervertido do cinema (legenda em espanhol).
The philosophy of Christopher Nolan, part 01 (legenda em português).
The philosophy of Christopher Nolan, part 02 (inglês).
The philosophy of Christopher Nolan, part 03 (inglês).
The philosophy of Miyazaki (legenda em português).

Para ler:

 Alessandro Reina. Filosofia e Cinema: O uso do filme no processo-aprendizagem da filosofia (dissertação de mestrado).
André Bazin. O que é cinema?
Clóvis Gruner. A cidade como filme: Cinema e cultura moderna na Curitiba da Primeira República.
David Bordwell; Kristin Thompson e Roberta Gregoli. A arte do cinema: Uma introdução.
Gilles Deleuze. Cinema 1: A Imagem-movimento.
Gilles Deleuze. Cinema 2: A Imagem-tempo.
Jean-Claude Bernadet. Cinema brasileiro: propostas para uma história.
Jean-Claude Bernadet. O que é cinema.
Julio Cabrera. O Cinema pensa: Uma introdução à filosofia através dos filmes.
Laura Aidar. Bacurau: Análise do filme.
Laécio de Almeida Gomes. A filosofia e o cinema catástrofe: "O dia depois de amanhã" e a relação Homem x Natureza.
Renato Dias Baptista. "Bacurau" e "Parasita": Alegorias políticas contemporâneas.
Rodrigo Cássio Oliveira. Os diferentes olhares da filosofia sobre cinema.
Rodrigo Nunes. 'Bacurau' não é sobre o presente, mas o futuro.
Serguei Einsenstein. A forma do filme.
Serguei Einsenstein. O sentido do filme.
Theodor Adorno e Max Horkheimer. Dialética do esclarecimento.
Yuri Ferreira. 'Bacurau' e 'Parasita' se encontram na lutas de classe e no espírito de resistência.

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