sábado, 20 de junho de 2020

Matrix e o budismo

Agradeço aos amigxs que motivaram a escrever este texto, Alonso e Tawana Tábata.

Matrix não é apenas um filme de ação/ficção científica ou um filme que convida o espectador a refletir sobre a existência da humanidade, Matrix também é influenciado pela filosofia mística do Oriente, o mais explicito desta vertente é o budismo. Mas como se dá essa estranha relação, um filme de ação e o budismo? Quais são as influencias desta filosofia no longa?
O que é real? Desde a antiguidade essa pergunta permanece em aberta, filósofos como Platão, René Descartes e Jean Baudrillard dedicaram-se a essa questão.
No entanto, não foram apenas os filósofos ocidentais que debruçaram-se sobre tal questões, no Oriente, as escolas filosóficas do Oriente também debruçaram-se sobre o real. Neste momento, apresentaremos como a questão do real é importante para a filosofia budista.
Porém antes de adentrarmos no tema central do texto presente, é relevante fazer uma breve apresentação do filme, também cabe mencionar que no texto presente será abordado apenas o primeiro filme da trilogia.
Matrix é ambientado em uma metrópole qualquer, nela somos apresentados ao jovem programador de computador de uma famosa e respeitável empresa de software Thomas Anderson, entretanto, o jovem programador possui uma vida dupla, fora do trabalho, Anderson é o hacker Neo. E é justamente a partir das suas atividades como hacker que Anderson/Neo começa a questionar a sua existência, ou seja, o personagem não consegue distinguir o real do não real, isto é, estaria Anderson/Neo vivendo em um sonho, mais especificamente uma simulação virtual?
Com o auxilio dos personagens Morpheus e Trinity, Anderson descobre que está sendo enganado, isto é, Anderson está vivendo uma simulação criada pela inteligência artificial Matrix. A partir desta descoberta, Neo tem como objetivo, através da jornada do herói, salvar a humanidade do estado alienante que se encontram. Deste modo, é possível interpretar o filme Matrix como uma alusão a jornada do indivíduo a emancipação.De algum modo é possível buscar essa emancipação a partir da filosofia proposta pelo budismo.
Ao longo da narrativa do longa existem inúmeras alusões ao pensamento místico, porém há uma cena que é uma clara alusão ao budismo, é a icônica cena do Neo com o  "garoto":
Garoto: Não tente entortar a colher. Isto é impossível. Ao invés disto tente perceber a verdade.
Neo: Que Verdade?
Garoto: Não há colher.
A filosofia budista, ou melhor, a metafísica budista também propõem o dualismo. Segundo o budismo, o mundo em que vivemos é uma ilusão e apenas através da "iluminação" que o indivíduo irá atingir o estado do nirvana.
O conceito de nirvana pode ser compreendido como a superação dos sentidos e a ausência do sofrimento, ou seja,  ao atingir o nirvana o indivíduo compreenderá a realidade em sua totalidade, o que importa não é a felicidade ou prazeres materiais, mais sim a paz interior.
Deste modo, podemos chegar a conclusão que diferentemente das filosofias ocidentais, que preza a razão, o budismo não esta preocupado com a razão, mas sim com o bem estar, ou seja, a filosofia budista induz o indivíduo ao encontro de si mesmo, isto é, um olhar para dentro, deste modo o indivíduo compreendera a essência da vida
De algum modo, Matrix pode ser interpretado como uma metáfora a filosofia budista, pois como a cena/diálogo entre o "garoto" e Neo retrata como a "realidade" em que vivemos não passa de uma ilusão e apenas com o "despertar" que a vida começará a fazer algum sentido...

Para Assistir:

Matrix, 1999.
Matrix Reload, 2003.
Matrix Revolutions, 2003.

Para ler:

Nenhum comentário:

Postar um comentário