quinta-feira, 30 de junho de 2022

Um homem bateu em minha porta

Era de manhã e os raios de sol batiam em seu rosto. Magnus percebeu em sua porta uma batida diferenciada, com seu cropped e sua calça fina resolveu abrir a porta.

-      Quem é?

-      Pode me chamar de Mephistofeles, Mefisto para os íntimos .

-      O que você pretende.

-      O que todo demônio pretende?

Que pergunta mais pretensiosa. “O que todo demônio pretende?” Pensou Magnus ainda coçando a cabeça. “Minha alma!” Realizou em sua reflexão matinal.

-      Me escolha e lhe darei seus maiores prazeres.

Então sumiu, aquele ser esguio, com barbicha e bigodes finos e enrolados. Se pela manhã foi pecador, ao meio-dia foi santo. Magnus almoçando, como de costume fora do horário e nitidamente perdido em pensamentos. Assim foi a chegada despercebida de um homem negro, lindo e calmo.

-      Não dê ouvidos a Mefisto!

Algo de Angelical dominava a atmosfera ao seu redor.

-      E você quem é?

Comia um prato feito, sem sal, meio morno, mas cotidianamente gostoso.

Sou o que sabe de tudo, meu nome é Salomão, sou das hordas de Miguel.

“Anjos no almoço, demônios no café da manhã? Acho que o mundo está virado”. Salomão contou a Magnus que poderia dar a ele o infinito saber das infinitas coisas e o respaldo da proteção certeira do protetor certo. Um convite bastante agressivo-passivo para Magnus. Quando a madrugada cai, uma figura branca de longos cabelos negros, paira sobre os sono dos mortais. No sonho do cochilo de Magnus, sua insônia já o tomava por completo fazendo noites de intensa leitura. Nos sonhos de Magnus ele ia de um túnel sem fim ao breu por completo “sei que estou sendo observado” pensou e no fundo de seu pensamento uma resposta “claro que estou te observando, mortal Magnus!” A escuridão foi encolhendo, encolhendo e encolhendo até o homem. “Quem é você?” Toda fala vira pensamentos, “Sou Morpheus"

-      Podemos voltar a falar, homem dos sonhos?

-      Se faz sentido para você

-      Um anjo e um demônio me tentaram, agora um sonho? O que você vai me oferecer? Sabedoria, Prazeres infinitos?

-      Eu trago o que todos procuram, Esperança.

Magnus sabe que a partir de hoje a vida não será mais a mesma.

-      Eu já escolhi.

Num solavanco só, uma faísca surgiu uma labareda e da labareda Mephisto esguio e luxuoso; com o mesmo silêncio invasivo e prazeroso Salomão retorna ao lado de Morpheus. Os três lado a lado, olhando como se eles fossem o escolhido.

-      O sonho da esperança é o prazer da vida e sabedoria do inculto, Lorde sonhos eu lhe escolho servir.

-      Não é o nosso último encontro com Magnus.

-      O Poderoso está decepcionado com você, mas o perdão é para você filho.

O sonho simplesmente some na sua criação, quando Magnus acordou sentiu-se revigorado. Tomou seu primeiro cigarro do dia, olhou o café caindo na cafeteira.

-      Preciso falar com a Cristina.

 

 

 


 De prazeres simples e gostos caros é como se define bem humoradamente Matheus Garcia.

Numa mística viagem dentro de si é que a Crônica “Ego: Conceitos sob Ficção” foi criada, primeira aventura literária como escritor, do humor insensato ao suspense enigmático as escolhas mostram como a vida é banal em sua forma mais rica. Com um olhar mais íntimo é que foi concebida a coluna “Metanoia” sobre as fragilidades do viver de uso e costume, o autor esmerilha sua obra com ela mesma. Com 22 anos, o mundo é uma caixa de surpresas para uma mente tão produtiva.

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