Resumo: O transhumanismo tem por objetivo utilizar a ciência e a tecnologia para elevar os seres humanos para além das limitações da sua condição natural. Através dos recentes avanços científicos, pela primeira vez, intervenções genéticas possíveis foram apresentadas para a evolução dirigida de seres humanos. Separadamente, as inovações eletromecânicas, incluindo a miniaturização de componentes e os aprimoramentos em materiais biocompatíveis, proporcionaram avanços nas interfaces cérebro-máquina (ICM) que potencializam uma dimensão cibernética, na qual os dispositivos mecânicos estariam sob o controle direto da mente (consciência). Este artigo fornece informações importantes em torno destes avanços recentes, dando ênfase na edição do genoma e nos usos terapêuticos dos ICMs nos quais a mesma tecnologia pode ser empregada para aprimoramento.
Palavras-chave: ampliação; ciborgue; CRISPR; edição genômica; interface cérebro-máquina
Introdução
O que começou como um movimento periférico para desenvolver os seres humanos além das restrições naturais da espécie Homo sapiens, tornou-se, nos últimos anos, cada vez mais popular. Esta tendência pode ser relacionada ao surgimento de tecnologias que começam a tornar viável a mudança da forma humana de maneiras que seriam improváveis ou impossíveis por meio da evolução “cega”. Fundamentalmente, há duas dimensões nas quais a natureza humana poderia ser alterada pela ciência: a humano-animal (biológica) e a humano-máquina (eletromecânica). Cada uma delas será considerada individualmente, começando pela biológica.
Caminhos biológicos para o aprimoramento humano
A genética apresenta um papel fundamental em nossas vidas. Não abordaremos a história das tentativas de direcionar propositalmente a composição genética dos indivíduos, mas é necessário mencionar duas abordagens, mesmo que seja somente para destacar suas limitações. Em primeiro lugar, passaram-se mais de 30 anos desde o uso pioneiro do Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) para selecionar embriões que demonstraram estarem livres de alguma mutação hereditária conhecida, potencialmente em combinação com características adicionais que os tornariam futuros doadores adequados de células-tronco para o tratamento de um irmão doente. Embora o termo “bebê geneticamente modificado” seja amplamente utilizado para mencionar as crianças nascidas por meio de PGD, ele nunca foi uma descrição apropriada e precisa, visto que o procedimento se limitou a selecionar a combinação de genes reunidos naturalmente; isto é, o procedimento de PGD nunca pôde introduzir novos genes intencionalmente.
Um grande passo para a alteração deliberada do DNA de um indivíduo veio na forma de uma segunda tecnologia: a terapia gênica. O objetivo desta estratégia é o de superar as doenças resultantes de duas cópias defeituosas de um gene por meio da adição de uma cópia complementar funcional. Embora isso pareça relativamente simples, o controle da realidade se mostrou mais complexo do que se esperava. Por exemplo, o próprio processo de integração do novo DNA em um cromossomo existente (a fim de facilitar a herança estável do gene extra) poderia causar danos adicionais e gerar novos problemas. Dadas essas limitações, é provável que o escopo dessa abordagem esteja restringido ao uso terapêutico e não ao aprimoramento humano.
A capacidade real de introduzir recursos adicionais em seres humanos por meio de seus genomas surge em decorrência do sistema CRISPR, ou mais precisamente CRISPR-Cas9, para edição do genoma. Houve algum sucesso na alteração de genomas de outras espécies anteriormente com o uso de ferramentas conhecidas como nucleases de dedo de zinco (ZFNs) e nuclease efetora semelhante ao ativador de transcrição (TALENs) (Gaj et al., 2013). Contudo, destacamos que o uso do CRISPR não é nada trivial, isto é, os ZFNs e os TALENs são consideravelmente mais complexos, caros e ineficientes, portanto, eles rapidamente saíram da corrida para aprimorar os seres humanos quando o último método foi identificado.
Não é exagero afirmar que o CRISPR seja um divisor de águas; ele permite alterações hereditárias nos seres humanos e confere plausibilidade à noção do transhumano biológico e de bebês geneticamente modificados.
Uma das principais dimensões da aplicação do CRISPR é o reconhecimento de que ele pode ser usado para gerar quebras de DNA de fita dupla em um ponto predeterminado em quase todos os genomas (o CRISPR foi originalmente identificado como um mecanismo de defesa em bactérias, no qual o DNA de vírus invasores, como um bacteriófago, é reconhecido de forma específica à sequência). Uma molécula de RNA é usada para direcionar uma enzima cortadora de DNA chamada de Cas9 (proteína número 9 associada ao CRISPR) para a posição em um cromossomo onde você decidiu introduzir um corte. É importante ressaltar que o fato de ser necessário somente projetar uma molécula curta de RNA para alterar o local da quebra do DNA, ao invés de reconstruir a própria enzima, é um fator crucial que distingue a CRISPR-Cas9 das ZFNs e das TALENs. O contraste é equivalente em termos de complexidade, ao mudar a música que você está ouvindo para colocar um CD diferente em vez de reconstruir o seu HiFi (alta fidelidade) do início.
A quebra de uma fita dupla no DNA de uma célula é uma grande ameaça à sua viabilidade contínua. Se a clivagem do DNA fosse o fim da história (como seria para as bactérias que se defendem contra vírus), isso não ofereceria nenhum potencial para a introdução de novos genes. Para isso, é necessário subverter os sistemas de reparo da célula. Como vários processos podem contribuir naturalmente para a quebra do DNA, o corpo tem sistemas ativados para amenizar o dano. Um desses mecanismos envolve a recombinação homóloga (RH), também conhecido como reparo dirigido por homologia. O RH aproveita o fato de haver dois conjuntos de nossos cromossomos e realiza a restauração da sequência danificada, copiando a seção equivalente do outro cromossomo. Para modificar intencionalmente ou introduzir um gene totalmente diferente, como seria necessário para o aprimoramento, o mecanismo de reparo precisa receber um modelo rival que possa ser enganado para usar em vez da segunda cópia natural.
Pesquisadores de todo o mundo estão empregando o CRISPR e métodos relacionados para modificar diversos organismos. O CRISPR é usado extensivamente com células humanas. De modo geral, esse trabalho é realizado em linhas de células cultivadas, tanto para fins de pesquisa básica quanto, quando há expectativa de uso terapêutico, para permitir que sejam feitas verificações apropriadas antes de qualquer consideração sobre a transferência dessas células para um paciente (Wang et al., 2014). Tais aplicações demonstraram, sem sombra de dúvida, que o sistema CRISPR funciona. No entanto, ainda há motivos significativos para precaução. É possível, por exemplo, acabar com o mosaicismo: uma população mista de células em que ambas as cópias de um gene foram alteradas, algumas em que uma foi alterada e outra não, e outras em que não ocorreram alterações. Também existem possíveis problemas com “efeitos fora do alvo”, nos quais a Cas9 corta o DNA em locais errados, causando alterações não intencionais no genoma.
Os ajustes do método CRISPR convencional que reduzem algumas dessas características indesejáveis estão sendo desenvolvidos. Por exemplo, foram projetadas mutações no Cas9 que utilizam o direcionamento específico de sequência do sistema CRISPR-Cas, mas restringem a clivagem a uma fita do DNA (um cenário muito menos arriscado) e, ao mesmo tempo, introduzem novas capacidades para alterar o DNA (Platt, 2019).
A despeito das fragilidades predominantes, a CRISPR já foi empregada para alterar o genoma humano hereditário em pelo menos uma ocasião. Em novembro de 2018, o Dr. He Jiankui anunciou que havia modificado geneticamente meninas gêmeas, alterando uma proteína chamada CCR5, explorada pelo HIV para entrar nas células. Ele usou a CRISPR-Cas9 para alterar o gene da CCR5 nas meninas, introduzindo uma mutação que criou uma versão não funcional dessa proteína e que, portanto, deveria protegê-las contra o vírus.
A implantação de um embrião geneticamente modificado no útero de uma mulher continua sendo ilegal em todo o mundo. A comunidade científica internacional e os bioeticistas, portanto, sentiram que He Jiankui havia sido prematuro ao cruzar este limite. As autoridades chinesas concordaram, condenando-o a três anos de prisão (Regalado, 2019). Embora esse seja o primeiro exemplo conhecido em que alguém alterou intencionalmente o genoma humano hereditário, a simplicidade do CRISPR torna altamente plausível que tentativas de realizar outras alterações genéticas já estejam em andamento em algum lugar do mundo.
Este pode ser um procedimento para criar transhumanos? Talvez não inicialmente, mas o sistema CRISPR-Cas9 e as tecnologias relacionadas têm o potencial não somente de mexer com os genes humanos existentes, mas também de fornecer genes derivados de outros organismos ou até mesmo sequências totalmente artificiais. Com exceção de certas limitações de tamanho, a princípio deveria ser possível integrar qualquer gene ao genoma do receptor, uma vez que a quebra de alvo tenha sido gerada. Poderiam ser introduzidos novos atributos, incluindo ampliações radicais, um termo usado para definir mudanças literalmente sobre-humanas (por exemplo, a capacidade de voar) além das ampliações extraordinárias, isto é, a capacidade de realizar alguma tarefa humana rotineira de forma não natural (por exemplo, conseguir correr a 60 km/h) (Shook & Giordano, 2016).
Se algo não puder ser alcançado em uma rodada de alterações, talvez seja possível executar várias etapas para adicionar mais alterações progressivamente. Esse procedimento já está sendo feito no caso de “humanização” de órgãos de suínos, a fim de torná-los menos propensos a provocar rejeição quando transplantados em um receptor humano (Begley, 2017). As lições aprendidas durante esses procedimentos podem orientar futuras tentativas de alterar diretamente o genoma humano. É importante observar também que, com uma combinação adequada de RNA guia (gRNA) e modelos de DNA, seria possível para a CRISPR alterar vários genes simultaneamente. Porém, é evidente que os problemas de mosaicismo em potencial aumentam significativamente se o único resultado aceitável for a edição correta em vários locais ao mesmo tempo.
Percursos eletromecânicos para o aprimoramento humano
Para a segunda dimensão do processo de aprimoramento, vamos considerar a situação atual das intervenções eletromecânicas. É possível fazer uma distinção entre abordagens não invasivas, isto é, aquelas que permanecem externas ao corpo, e aquelas que envolvem penetrar literalmente a pele (invasiva). Como deve ser evidente, as abordagens não invasivas constituem a “parte mais superficial” do espectro homem-máquina. Para muitos, isso não seria considerado verdadeiramente transhumanista, no entanto, é no mínimo um alerta sobre até que ponto a tecnologia já desempenha um papel em nossa vida biológica. Podemos trazer como exemplo a utilização dos dispositivos vestíveis, tais como os Fitbits (Smartwatchs), para registrar dados biométricos que influenciam nossas escolhas de estilo de vida subsequentes. Um próximo passo seria o uso eletivo de métodos de estimulação elétrica cerebral, como a estimulação magnética transcraniana (EMT) e a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC ou tDCS), visando melhorar o humor, a memória ou a aquisição de linguagem (Yazdi, 2020).
O fato de mudar o foco para alterações invasivas representa inevitavelmente o cruzamento de um limite ideológico e físico significativo. Em um nível, a inserção de tecnologia no corpo implica o risco potencial de infecção, mas também representa um compromisso mais profundo com a alteração. A inserção de chips de identificação por radiofrequência (RFID) que podem se comunicar por meio de dispositivos externos, armazenar números de PIN e outras informações eletrônicas ou acionar a abertura de portas tem benefícios tangíveis, por exemplo, para deficientes físicos. Por outro lado, também há uma comunidade de entusiastas de modificações corporais (grinders biohackers) que simplesmente querem ultrapassar os limites da experiência humana. Por exemplo, é provável que os ímãs sejam incorporados para permitir que o usuário tenha uma experiência maior de campos magnéticos por motivos sensoriais e não médicos.
Conexão com a rede
Um passo maior é dado quando as alterações invasivas envolvem a interação direta de um dispositivo eletromecânico com o sistema nervoso central (SNC) do receptor. Essa conexão pode ser feita pela coluna vertebral, por um nervo periférico ou diretamente com o cérebro. Tais interfaces neurais não são somente o tema de cenários futuros. Os implantes cocleares já superam as deficiências do processo auditivo acústico normal, passando sinais elétricos diretamente para o nervo auditivo, e a estimulação cerebral profunda, por exemplo, para tratar distúrbios de movimento, envolve o envio de impulsos para eletrodos implantados no cérebro.
No contexto transhumanista, os desdobramentos significativos envolvem o controle de membros protéticos neurais e aspectos mais amplos das interfaces cérebro-máquina (BMI ou interface cérebro-computador – ICC). Assim como nas inovações anteriores, as aplicações terapêuticas predominam atualmente, mas é fácil ver como os avanços em próteses poderiam ser utilizados para o aprimoramento humano. Em um estudo inovador, foram implantados eletrodos no córtex motor primário de uma mulher tetraplégica (Collinger et al., 2013). A partir de cabos conectados ao seu crânio, ela conseguiu operar um membro protético simplesmente pensando no movimento pretendido.
Em outros locais, os pesquisadores trabalham em dispositivos hápticos que transmitem informações sensoriais como toque, pressão e posição do membro para o cérebro por meio de micro estimulação intracortical. Em um estudo, um homem com lesão na coluna vertebral foi solicitado a descrever os sentidos que ele experimentou (embora como fantasma) com uma combinação de estímulos fornecidos por meio de eletrodos implantados em seu córtex somatossensorial primário (S1) (Salas et al., 2018). Uma segunda equipe obteve uma sensação limitada de toque e pressão no cérebro de um homem paralisado, quando conectou uma mão robótica à sua região S1 (Flesher et al., 2016). A ambição final destes estudos é obter um sistema de circuito fechado, ou seja, bidirecional, combinando as informações de entrada sensorial e a resposta motora. Isso permitiria a “evolução” das habilidades motoras finas.
Cabe reiterar que, até este ponto, a pesquisa se concentrou na reabilitação. Contudo, o fato de grande parte do financiamento para esse trabalho ter origem na Agência de Projetos de Pesquisa para o Avanço da Defesa dos EUA é um indicador de que inovações desse tipo têm potencial tangível para fins de aprimoramento, por exemplo, o controle de membros sobre-humanos para super-soldados. Avanços mais abrangentes em relação aos ICMs incluem a “cognição aprimorada”, que permite que alguém acesse instalações de computação remota diretamente de sua mente. Isso permite que eles realizem cálculos matemáticos complexos “em sua cabeça” ou concedam uma percepção aprimorada de seus arredores, com a capacidade de arquivar rotineiramente os dados coletados (Roelfsema, Denys, & Klink, 2018). Como alternativa, deve ser possível fazer o download da fluência linguística instantânea ou da capacidade de realizar alguma tarefa.
O desenvolvimento de BMIs não depende somente da compreensão do cérebro, mas também de inovações cibernéticas. Dentre eles, estão o aprimoramento da velocidade de transferência de informações (Lebedev, Opris, & Casanova, 2018), bem como os avanços na ciência dos materiais para proporcionar uma conexão estável e eficaz entre o wetware orgânico do cérebro e o hardware tecnológico.
A experiência com os implantes cerebrais existentes destacou uma série de obstáculos que precisam ser enfrentados. Estão incluídos: danos aos tecidos ao redor dos eletrodos, degradação dos próprios eletrodos, perda de sinal devido ao micro deslocamento das conexões na interface e o desencadeamento de respostas imunológicas (Polikov, Tresco, & Reichert, 2005). A biocompatibilidade e a longevidade dos eletrodos são uma das principais prioridades. A estabilidade, as dimensões e a natureza baseada em carbono dos nanotubos de grafeno os tornam particularmente atraentes para uma série de aplicações biomédicas, inclusive para ICMs (Rauti et al., 2019).
O processo de desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina é uma área de interesse ativo para o empresário Elon Musk (Waldert, 2016). Sua empresa Neuralink é uma das várias organizações que, segundo informações, estão próximas de realizar testes de ICMs em humanos. A miniaturização tem sido uma das principais prioridades, sendo que os fios nos quais os eletrodos para o ICM da Neuralink são agrupados são aparentemente tão pequenos que é necessário um robô especializado para posicioná-los no cérebro do receptor, evitando danos aos vasos sanguíneos. Os especialistas críticos argumentam que a programação (agenda) promovida por Elon Musk é irreal e que ele não está considerando dificuldades fundamentais, como a arquitetura exclusiva do cérebro de cada pessoa (Corbyn, 2019).
Qualquer avanço nessas áreas reforçaria claramente as inovações discutidas anteriormente com relação à operação de membros protéticos “inteligentes”, mas Musk é transparente quanto ao seu desejo de ir além das aplicações terapêuticas e alcançar a simbiose com a IA. Neste sentido, um IMC estável e eficaz é a porta de entrada para a criação de ciborgues completos, nos quais o cérebro é o único remanescente orgânico de um indivíduo que já foi humano. Elon Musk também imagina um mundo no qual você poderia arquivar versões de sua memória da mesma forma que salvaria versões de um documento. É preciso reforçar que ainda não é possível fazer isso, mas a ciência que pode alcançar esse objetivo está definitivamente progredindo.
Outros buscariam ir ainda mais longe: cortar qualquer vínculo com o “Eu” orgânico e carregar essencialmente a consciência humana em computadores como uma “emulação do cérebro inteiro” (Tirosh-Samuelson, 2018). Embora esse ser não tivesse mais nenhuma matéria biológica, seria pós-humano, ainda assim teria havido um tempo em que esses pensamentos e memórias estavam ligados a uma pessoa física. Em contraste com um androide, um “ser” que permanece inteiramente máquina, mas que manifesta características humanas.
Ciborgues... e quanto aos androides?
Apesar de os termos serem usados, às vezes, como se fossem intercambiáveis, ciborgues e androides são, de fato, entidades diferentes, sendo que os últimos são robôs antropomórficos totalmente artificiais. Diversos desenvolvimentos recentes têm visto crescentes apelos para que os androides terem direito à personalidade. A título de exemplo, em 2017, a Arábia Saudita concedeu cidadania a um robô chamado Sophia e o Parlamento Europeu debateu a atribuição de responsabilidade caso o robô de uma empresa seja considerado responsável por qualquer dano à propriedade de terceiros (Giger et al., 2019).
Como um androide nunca existiu em uma forma biológica incorporada, ele é inevitavelmente, em certa medida, um “falso humano”, não um transhumano ou mesmo um pós-humano. Portanto, considero que esse ser está fora do escopo de nossa pesquisa atual.
Conclusão
A previsão do prazo e da importância das inovações é notoriamente problemática. A Lei de Amara (conforme citado em Brooks, 2017, p.79) afirma que “tendemos a superestimar o efeito de uma tecnologia no curto prazo e a subestimar o efeito no longo prazo”. As metas do transhumanismo ainda não foram alcançadas. Porém, os desenvolvimentos recentes em campos tão diversos quanto as interfaces cérebro-máquina e a edição do genoma avançaram de forma inesperadamente rápida e oferecem as indicações mais fortes de que a evolução além das restrições naturais do Homo sapiens é viável.
Referências
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