O que faz o determinismo ser tão instigante? Produções de entretenimento como Dark (2017-2020), Exterminador do Futuro (1984), Matrix (1999) e Os 12 Macacos (1995) de algum modo instiga o espectador a refletir sobre o determinismo. O que faz o determinismo, um conceito filosófico, ser tão abordado na literatura da ficção científica? Seria o livre-arbítrio uma ilusão social e tudo já está determinado?
Constantemente o conceito de determinismo é mencionado por diferentes áreas do conhecimento como filosofia, física e teologia.Mas ao falarmos sobre determinismo, outros conceitos surgem, são eles: livre-arbítrio e tempo. Neste momento recorreremos a definição destes conceitos*.
Determinismo: Doutrina segundo qual tudo que acontece tem uma causa. A explicação habitual dessa ideia consiste em defender que, para qualquer acontecimento, existe um estado anterior relacionado a ele de tal maneira que não poderia (sem violar uma lei da natureza) existir, sem que existisse o acontecimento.
Livre-arbítrio: O problema consiste em reconciliar a consciência cotidiana de nós mesmos como agentes, com a melhor teoria que a ciência oferece sobre nós.
Tempo: A natureza do tempo tem sido um dos maiores problemas filosóficos desde a Antiguidade. Concebemos bem o tempo quando o concebemos como um fluxo? Se é esse o caso, o tempo flui do futuro para o passado, mantendo-nos como barcos presos no meio de um rio? Ou flui do passado para o futuro, transportando-nos com ele?
No passado, filósofos como Espinosa, Leibniz, Pierre -Simon Laplace e Santo Agostinho foram cruciais para o debate sobre os conceitos mencionados. Na contemporaneidade, influenciados ou não por estes pensadores, filósofos e físicos como Albert Einstein, Daniel Dennett, John Searle, Michio Kaku, Sam Harris e Sean Carroll contribuem para os estudos e o debate. Mesmo com o avanço científico/tecnológico não há um consenso sobre o determinismo e o livre-arbítrio, ou seja, é possível que a humanidade se sobressaia perante o determinismo e consiga legitimar que há livre-arbítrio ou seria o livre-arbítrio uma armadilha do determinismo?
Tanto na graphic novel, na adaptação cinematográfica e de certa maneira, na minissérie televisiva Watchmen, o personagem Dr. Manhattan nos faz refletir sobre o livre-arbítrio ser uma ilusão, nem mesmo um ser quase divino como o Dr. Manhattan pode fugir ou alterar o que já está determinado.
Dr. Manhattan: A minha percepção de tempo a incomoda?
Laurie: Pra que a pergunta? Você já sabe a resposta. É tão absurdo. Quando eu te larguei... E a NOVA EXPRESS fez as denuncias, você ficou surpreso. Por que... se já sabia que ia acontecer?
Dr. Manhattan: Tudo é predeterminado. Até as minhas reações.
Laurie: E você só segue a partitura, executando as notas? Então isso é você? O ser mai poderoso do universo e não passa de uma marionete seguindo um roteiro?
Dr. Manhattan: Todos nós somos, Laurie. Eu apenas sou uma marionete que vê as cordas**.
Mesmo que o livre-arbítrio seja um conceito atrelado a metafísica, há implicações diretas na vida cotidiana da sociedade, tal implicação pode ser vista na política e na ética, a liberdade de escolhas do indivíduo desencadeia uma série de eventos que ira repercutir em pequenos grupos ou perante a sociedade como um todo.
Sendo assim, podemos concluir que um conceito tão abstrato, amplo e complexo pode acarretar diretamente em nossas vidas, mesmo parecendo algo tão obscuro. A reflexão sobre o determinismo pode ser encontrado em diversos veículos da cultura pop e no debate científico/filosófico, na qual pode render horas de provocações.
*Os verbetes mencionados são trechos que são facilmente encontrados no Dicionário Oxford de filosofia.
** Trecho do diálogo de Watchmen, ed. n 09.
Para Assistir (filmes e séries):
Dark, 2017-2020.
Exterminador do futuro, 1984.
Exterminador do futuro 2, 1991.
Exterminador do futuro: As Cronicas de Sarah Connor, 2008-2009.
Matrix, 1999.
Matrix Reload, 2003.
Lost, 2004-2010.
Os 12 Macacos, 1995.
Os Agentes do Destino, 2011.
Para assistir (youtube):
Para ler:
Nenhum comentário:
Postar um comentário