DECLARAÇÃO TRANSHUMANISTA
Publicado originalmente em 1998, este documento surge no contexto de formalização institucional do movimento/filosofia transhumanista no ambiente acadêmico de língua inglesa, mais especificamente através da fundação da
World Transhumanist Assossiation (WTA). Em 2008, o nome é modificado para
Humanity+. Originalmente, o documento teve como signatários: Alexander “Sasha” Chislenko (1959-2000), Anders Sandberg, Arjen Kamphuis,
Bernie Staring, Bill Fantegrossi, Darren Reynolds, David Pearce, Den Otter,
Doug Bailey, Eugene Leitl, Gustavo Alves, Holger Wagner, Kathryn Aegis, Keith Elis, Lee Daniel Crocker,
Max More, Mikhail Sverdlov, Natasha Vita-More, Nick Bostrom, Ralf Fletcher, Shane Spaulding, Tom “T.O.”
Morrow e Thom Quinn. Destacamos que após a publicação este documento ganhou 2 versões, a segunda versão é publicada em 2005, consta apenas com a autoria de Nick Bostrom. A mais recente, de 2012, retorna com a autoria coletiva. A versão aqui traduzida é a de 2012.
- A
humanidade será profundamente impactada pela ciência e pela tecnologia no
futuro. Vislumbramos a possibilidade de aprimorar o potencial humano, superando
o envelhecimento, as limitações (anomalias) cognitivas, o sofrimento
involuntário e o nosso confinamento no planeta Terra.
2. Para
nós, a humanidade ainda não alcançou a sua plenitude, pois alguns cenários
possíveis que só serão possíveis de serem atingidas quando houver a
possibilidade real de que a condição humana seja totalmente aprimorada.
3. Nós
reconhecemos que a humanidade é confrontada por sérios riscos, sobretudo,
através do uso inapropriado e irresponsável de novas tecnologias. Há cenários
possíveis que podem nos conduzir a uma perca significativa ou total de tudo que
temos e que atribuímos algum valor. Alguns destes cenários são drásticos,
outros sutis. Mesmo que todo progresso conduz a mudança, nem toda mudança seja
sinônimo de progresso.
4. É
necessário que haja incentivo e investimento em pesquisas que contribuam para
uma compreensão mais detalhadas. É preciso que possuírem deliberações
minuciosas sobre a melhor maneira de reduzir os riscos e acelerar as aplicações
benéficas. Também é necessário haver espaços na qual a comunidade cientifica e
a sociedade possa discutir de maneira construtiva e democrática nas quais as
decisões responsáveis possam tornar-se realizáveis.
5. Reduzir
os riscos da extinção da espécie humana, desenvolver meios de preservação de
vida e de saúde, aliviar o sofrimento graves e o aperfeiçoamento da previsão e
sabedoria humana, tais aspectos devem ser tidas como prioritárias, portanto,
passível de financiamento para atingir tal ideal.
6. A
formação de políticas públicas deve ser orientada por uma visão ética,
responsável e inclusiva. Considerando os riscos e as oportunidades, portanto,
respeitando a autonomia e os direitos individuais e demonstrando solidariedade
e preocupação com os interesses e a dignidade de todas as pessoas a nível
global. Também devemos considerar as nossas responsabilidades morais com as
gerações vindouras que existirão no futuro.
7. Nós
defendemos o bem-estar de todos os seres sencientes, incluindo humanos, animais
não humanos e quaisquer formas de vida futura provinda artificialmente, formas
de vidas alteradas ou outras formas de inteligências são resultados do avanço
científico e tecnológico.
8. Nós somos a favor da
liberdade morfológica - defendemos o direito de alterar, aprimorar as emoções,
o corpo e a cognição. Essa liberdade inclui o direito de utilizar ou de não
utilizar técnicas tecnológicas para estender a vida, preservar a vida através da
técnica da criônica, da upload ou de outras técnicas, além da
possibilidade de escolher outras maneiras de alterações e aprimoramento.
DECLARAÇÃO TRANSHUMANA (MANIFESTO)
Publicado originalmente em 1983, escrito por Natasha Vita-More. É pertinente destacar que este manifesto é anterior a instucinalização do WTA, o transhumanismo deste período ainda estava circunscrito a certos grupos libertários do Vale do Silício. Assim como o documento anterior, esta declaração possui 4 versões, todas são da autoria de Natasha
Vita-More. 1983, 1998, 2008 e 2020. A tradução selecionada para este momento é a de 1983.
Eu sou transhumana.
Objetivando a criatividade e a razão,
com a finalidade de atingir o autoconhecimento e a longevidade – promovida pela
persistência, ciente das probabilidades, informada pelos riscos, atenta para as
novas descobertas, acolhendo desafios, em constante mudança – Eu me torno.
Eu
sou a arquiteta da minha existência, minha vida reflete minha visão e
representa os meus valores. Ela transmite a própria essência do meu ser – conciliando
a imaginação e a razão, desafiando todos os limites impostos.
O transhumanismo
exige uma sensibilidade acentuada para revelar a sua multiplicidade de reinos
que ainda estão para serem desbravados ou que ainda se tornarão tangível.
Estamos pesquisando de como as tecnologias de nosso tempo e do futuro interferem
nos nossos sentidos sensoriais, na nossa cognição, ou seja, nas nossas vidas.
Nossa atenção e
compreensão de como ocorrem essas relações tornam-se o estado da arte na medida
que participamos das questões imediatas e vitais para a materialização da
transhumanidade: o prolongamento da vida, prolongamento da inteligência e da
criatividade, bem como a possibilidade de explorar o universo.
Os transhumanistas
projetam e criam tecnologias, colaboram para uma compreensão mais elevada sobre
o cosmo, atuam em diversas frentes competentes a compreensão da realidade,
automatiza o corpo e a mente, inovam, projetam/criam e exploram. Registramos de
maneira inconfundível os memes da longevidade, nós somos pós-ciberneticistas
que usufrui da criatividade de ponta, habilidades proporcionadas pelos dados
científicos, pela engenharia e ferramentas automatizadas para criar as nossas
visões.
Os transhumanistas
incentivam a experimentação e as atitudes de abundância além de enfatizar as
infinitas possibilidades de automodificação à medida que buscamos e avançamos
novos valores que consideramos como indispensáveis para a nossa própria criação.
Não possuímos interesse em nos deter em pensamentos relacionados a
autodestruição ou de entropia. Estamos em busca de refinar as emoções por meio
de técnicas analíticas e de pensamento provocativo.
De maneira geral,
cada indivíduo interfere na transformação cultural e social: na maneira que
somos ou na maneira de estilo de vida. Cada indivíduo cria uma maneira de ser,
de alguma maneira buscando uma autenticidade, uma autonomia, entretanto, tais
características estão interconectadas com a cultura. A maneira que realizamos
as nossas intenções está relacionada a nossa liberdade de escolha individual e
seletiva – seja de modo abstrato ou concreta, seja através de um artefato ou de
algo que não possui forma. Nossos critérios para a arte permanecem em aberto e
aceita inovações e interdisciplinaridade. A nossa
engenhosidade (transhumana) exclusiva se disseminará por todas as camadas da
sociedade. Somos agentes ativos da nossa própria evolução estamos configurando
a imagem de que nós estamos nos tornando.
“O que perturba a mente dos homens
(humanos) não são os eventos, mas os seus julgamentos sobre os eventos.” Epiteto
(50-138 EC)
Fontes:
Esta
divulgação de tradução é resultado de pesquisa que está sendo
desenvolvido em conjunto com a minha pesquisa de mestrado em filosofia
intitulado "A controversa interpretação do conceito de Übermensch na filosofia Transhumanista" na Univesidade Federal do Paraná.