terça-feira, 22 de outubro de 2024

Transhumanismo(s) (TRADUÇÃO)

DECLARAÇÃO TRANSHUMANISTA
 
 

Publicado originalmente em 1998, este documento surge no contexto de formalização institucional do movimento/filosofia transhumanista no ambiente acadêmico de língua inglesa, mais especificamente através da fundação da World Transhumanist Assossiation (WTA). Em 2008, o nome é modificado para Humanity+. 
Originalmente, o documento teve como signatários: Alexander “Sasha” Chislenko (1959-2000), Anders Sandberg, Arjen Kamphuis, Bernie Staring, Bill Fantegrossi, Darren Reynolds, David Pearce, Den Otter, Doug Bailey, Eugene Leitl, Gustavo Alves, Holger Wagner, Kathryn Aegis, Keith Elis, Lee Daniel Crocker, Max More, Mikhail Sverdlov, Natasha Vita-More, Nick Bostrom, Ralf Fletcher, Shane Spaulding, Tom “T.O.” Morrow e Thom Quinn. Destacamos que após a publicação este documento ganhou 2 versões, a segunda versão é publicada em 2005, consta apenas com a autoria de Nick Bostrom. A mais recente, de 2012, retorna com a autoria coletiva.  A versão aqui traduzida é a de 2012. 

  1.         A humanidade será profundamente impactada pela ciência e pela tecnologia no futuro. Vislumbramos a possibilidade de aprimorar o potencial humano, superando o envelhecimento, as limitações (anomalias) cognitivas, o sofrimento involuntário e o nosso confinamento no planeta Terra.

2.      Para nós, a humanidade ainda não alcançou a sua plenitude, pois alguns cenários possíveis que só serão possíveis de serem atingidas quando houver a possibilidade real de que a condição humana seja totalmente aprimorada.

3.      Nós reconhecemos que a humanidade é confrontada por sérios riscos, sobretudo, através do uso inapropriado e irresponsável de novas tecnologias. Há cenários possíveis que podem nos conduzir a uma perca significativa ou total de tudo que temos e que atribuímos algum valor. Alguns destes cenários são drásticos, outros sutis. Mesmo que todo progresso conduz a mudança, nem toda mudança seja sinônimo de progresso.

4.      É necessário que haja incentivo e investimento em pesquisas que contribuam para uma compreensão mais detalhadas. É preciso que possuírem deliberações minuciosas sobre a melhor maneira de reduzir os riscos e acelerar as aplicações benéficas. Também é necessário haver espaços na qual a comunidade cientifica e a sociedade possa discutir de maneira construtiva e democrática nas quais as decisões responsáveis possam tornar-se realizáveis.

5.      Reduzir os riscos da extinção da espécie humana, desenvolver meios de preservação de vida e de saúde, aliviar o sofrimento graves e o aperfeiçoamento da previsão e sabedoria humana, tais aspectos devem ser tidas como prioritárias, portanto, passível de financiamento para atingir tal ideal.

6.      A formação de políticas públicas deve ser orientada por uma visão ética, responsável e inclusiva. Considerando os riscos e as oportunidades, portanto, respeitando a autonomia e os direitos individuais e demonstrando solidariedade e preocupação com os interesses e a dignidade de todas as pessoas a nível global. Também devemos considerar as nossas responsabilidades morais com as gerações vindouras que existirão no futuro.

7.      Nós defendemos o bem-estar de todos os seres sencientes, incluindo humanos, animais não humanos e quaisquer formas de vida futura provinda artificialmente, formas de vidas alteradas ou outras formas de inteligências são resultados do avanço científico e tecnológico.

8. Nós somos a favor da liberdade morfológica - defendemos o direito de alterar, aprimorar as emoções, o corpo e a cognição. Essa liberdade inclui o direito de utilizar ou de não utilizar técnicas tecnológicas para estender a vida, preservar a vida através da técnica da criônica, da upload ou de outras técnicas, além da possibilidade de escolher outras maneiras de alterações e aprimoramento.

 

DECLARAÇÃO TRANSHUMANA (MANIFESTO)

Publicado originalmente em 1983, escrito por Natasha Vita-More. É pertinente destacar que este manifesto é anterior a instucinalização do WTA, o transhumanismo deste período ainda estava circunscrito a certos grupos libertários do Vale do Silício. Assim como o documento anterior, esta declaração possui 4 versões, todas são da autoria de Natasha Vita-More. 1983, 1998, 2008 e 2020. A tradução selecionada para este momento é a de 1983.

Eu sou transhumana.
Objetivando a criatividade e a razão, com a finalidade de atingir o autoconhecimento e a longevidade – promovida pela persistência, ciente das probabilidades, informada pelos riscos, atenta para as novas descobertas, acolhendo desafios, em constante mudança – Eu me torno.
 
Eu sou a arquiteta da minha existência, minha vida reflete minha visão e representa os meus valores. Ela transmite a própria essência do meu ser – conciliando a imaginação e a razão, desafiando todos os limites impostos.
O transhumanismo exige uma sensibilidade acentuada para revelar a sua multiplicidade de reinos que ainda estão para serem desbravados ou que ainda se tornarão tangível. Estamos pesquisando de como as tecnologias de nosso tempo e do futuro interferem nos nossos sentidos sensoriais, na nossa cognição, ou seja, nas nossas vidas.
Nossa atenção e compreensão de como ocorrem essas relações tornam-se o estado da arte na medida que participamos das questões imediatas e vitais para a materialização da transhumanidade: o prolongamento da vida, prolongamento da inteligência e da criatividade, bem como a possibilidade de explorar o universo.
Os transhumanistas projetam e criam tecnologias, colaboram para uma compreensão mais elevada sobre o cosmo, atuam em diversas frentes competentes a compreensão da realidade, automatiza o corpo e a mente, inovam, projetam/criam e exploram. Registramos de maneira inconfundível os memes da longevidade, nós somos pós-ciberneticistas que usufrui da criatividade de ponta, habilidades proporcionadas pelos dados científicos, pela engenharia e ferramentas automatizadas para criar as nossas visões.
Os transhumanistas incentivam a experimentação e as atitudes de abundância além de enfatizar as infinitas possibilidades de automodificação à medida que buscamos e avançamos novos valores que consideramos como indispensáveis para a nossa própria criação. Não possuímos interesse em nos deter em pensamentos relacionados a autodestruição ou de entropia. Estamos em busca de refinar as emoções por meio de técnicas analíticas e de pensamento provocativo.
De maneira geral, cada indivíduo interfere na transformação cultural e social: na maneira que somos ou na maneira de estilo de vida. Cada indivíduo cria uma maneira de ser, de alguma maneira buscando uma autenticidade, uma autonomia, entretanto, tais características estão interconectadas com a cultura. A maneira que realizamos as nossas intenções está relacionada a nossa liberdade de escolha individual e seletiva – seja de modo abstrato ou concreta, seja através de um artefato ou de algo que não possui forma. Nossos critérios para a arte permanecem em aberto e aceita inovações e interdisciplinaridade. A nossa engenhosidade (transhumana) exclusiva se disseminará por todas as camadas da sociedade. Somos agentes ativos da nossa própria evolução estamos configurando a imagem de que nós estamos nos tornando.

 

O que perturba a mente dos homens (humanos) não são os eventos, mas os seus julgamentos sobre os eventos.” Epiteto (50-138 EC)

 
Fontes:
 
   

Esta divulgação de tradução é resultado de pesquisa que está sendo desenvolvido em conjunto com a minha pesquisa de mestrado em filosofia intitulado "A controversa interpretação do conceito de Übermensch na filosofia Transhumanista" na Univesidade Federal do Paraná.