sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Em direção da catástrofe

Para Tawana Tábata.  
Esse texto é resultado de algumas conversas com Matheus Garcia, grato pela amizade e proporcionar conversas interessantíssimas.
 
Estaríamos próximos de concretizar a realidade imaginada pela literatura distópica? Estaríamos próximos do icônico final de Planeta dos Macacos (1968), na qual o astronauta estadunidense Taylor descobre que o planeta em que se encontra sempre foi o planeta Terra, no entanto, a humanidade conseguiu autodestruir-se. Ou estaríamos mais próximo a realidade de Blade Runner  (1982)? A fronteira entre o real e o virtual é cada vez mais dúbio, a fragilidade social cada vez mais explícita, ausência do Estado e a presença cada vez mais consolidada das grandes corporações. 
Se tomarmos como ponto de partida a revolução industrial (1760-1840) veremos que deste então houve um boom tecnológico, isto é, com o desenvolvimento da técnica, a vida humana "progrediu". Para ilustrar tais "progressos" vale mencionar a modernização dos meios de locomoção (aérea, marítimo e terrestre)  e a modernização dos meios de comunicação, sobretudo com o surgimento e consolidação da internet.
Entretanto, mesmo com tais maravilhas, a autodestruição da espécie sempre rondou a humanidade. A colonização e tráfico de uma sociedade não europeia, o genocídio dos hererós e namaquas (1904-1908); genocídio de Auschwitz, os lançamentos das bombas nucleares nas ilhas Hiroshima e Nagazaki (6-9 de agosto de 1945) e o acidente de Chernobyl (25-26 de abril de 1986) são algumas das catástrofes em que algum aparato tecnológico fora usado para fins destrutivos.  
É possível afirmar que o avanço/progresso da técnica é consequência do capitalismo, isto é, tais avanços não ocorreriam se tais fenômenos não fossem demandas do capitalismo propriamente dito. No entanto, assim como outras formas de economia, o capitalismo está fadado ao fracasso, ou melhor o capitalismo é um modelo econômico fracassado, entretanto, temendo outras alternativas, insistimos em prolongar a "vida" de uma entidade moribunda, deste modo, podemos afirmar que o capitalismo é um zumbi, que se alimenta de cérebros.
Ao utilizar um personagem monstruoso como uma caracterização do capitalismo, é interessante utilizarmos a imagem do xenomorfo (personagem da franquia cinematográfica Alien). Uma espécie alienígena que possui instinto de destruição e violência, ou seja, a barbárie. Entretanto, diferente da franquia cinematográfica, não existem meios para erradicar por completo esta criatura/sistema, pois além de estarmos adentrando a realidade distópica, a Terra já entrou em colapso, deste modo nos resta adiar o fim do mundo ou esperar por ela...
 
 
Para assistir:
 
Blade Runner, 1982.
Planeta dos Macacos, 1968.
 
Para ler:
 
Bruno Latuor. Jamais fomos modernos.
Déborah Danowski & Eduardo Viveiros de Castro. Há mundo por vir? 
Eric Hobsbawm. Era dos extremos. 
Martin Heidegger. A questão da técnica.